“O Apanhador no Campo de Centeio” (The Catcher in the Rye) é um clássico escrito por Jerome David Salinger no contexto da 2ª Guerra Mundial, que acabou sendo um marco para a geração jovem daquela época e tornando-se uma grande obra da literatura norte-americana. Já faz um tempo que li esse livro, mas decidi postar sobre ele aqui porque, apesar de ser uma análise bem simples, ela me permitiu fazer uma reflexão sobre a importância de tiramos as nossas próprias conclusões.
Eu nunca havia pensado em ler esse livro porque ainda não tinha ouvido falar sobre ele e nem mesmo visto comentários dele por aí. Só fiquei sabendo por meio de um amigo que o mencionou na internet, dizendo ter se identificado muito. Não tive vontade de ler no início, pois o título me deu aquela impressão de que era um livro de terror, com estórias macabras, ou então de guerras, ficção científica ou algo do estilo. Esses estilos não me interessam muito. Só me interessei em lê-lo quando meu irmão disse que o havia lido, mas não havia gostado.
Por ele não ter gostado, eu fiquei pensando: Será que esse livro é tão ruim mesmo? Perguntei-lhe a razão dele não ter gostado, e ele disse que era por causa da personalidade do personagem principal, o Holden Caufield, que só reclamava de tudo e tinha um humor deprimente do começo até o fim do livro, capaz de deprimir qualquer leitor. Então, decidi ler para ter minhas próprias conclusões, encarando isso como um desafio, o de encontrar pontos positivos no livro. E, de fato, encontrei muitos. Sei que há toda uma história por trás desse livro e por trás da vida do autor e que há milhares de análises na internet, mas o que quero nesse momento é falar apenas de algumas das minhas impressões.
O que mais me desagradou foi a linguagem, que é muito informal e vulgar, por conta do retrato que o autor procurou fazer da juventude. No começo, eu também não estava gostando do Holden, rapaz de 16 anos, pois ele realmente reclamava de tudo. Ele estava estudando em um internato para rapazes e não gostava de nada lá. Foi reprovado em todas as matérias, exceto em inglês. Dizia que era porque odiava aquela escola e quase todos que a frequentavam, alegando serem hipócritas. Mas a forma como ele falava, apesar de muito vulgar (algo que me desagrada um pouco), era engraçada.
E quanto mais eu ia lendo, ia percebendo que ele não era um rapaz ruim. Ele era solitário e a única coisa que gostaria era de alguém que o ouvisse e conversasse com ele de forma inteligente. Ele também era muito preso ao passado, principalmente por causa de seu irmãozinho, o Allie, que havia morrido de câncer, e também era muito apegado a sua irmãzinha Phoebe. Ele não diz de forma clara as coisas boas que sente, mas é possível perceber isso com algumas atitudes dele, a forma de tratar as pessoas e os seus pensamentos.
Muitos o chamavam de imaturo e dizia que ele precisava encontrar um caminho, pois ele não levava os estudos a sério. Ele sabia disso, mas simplesmente não conseguia aguentar aquela realidade. Os seus colegas falsos, professores falsos, tudo o deprimia. Aos poucos, fui percebendo que ele era apenas um garoto sem rumo, que não sabia exatamente o que queria da vida e que, no fundo, apenas não compreendia o mundo e não desejava crescer… Para ele, o mundo deveria ser para sempre um carrossel, onde tudo o que é puro e inocente não fosse maculado pelo mundo dos adultos, onde ele só enxergava hipocrisia. A parte mais forte e tocante para mim foi quando ele disse que o seu maior desejo era ser um apanhador em um campo de centeio, em que ele imaginava um monte de garotinhos brincando sem direção, e a única coisa que ele tinha que fazer era ficar na beira de um precipício para salvar aqueles que pudessem cair no abismo.
Como vocês podem ver, eu gostei do livro que meu irmão odiou, o que me levou a pensar… Temos a tendência de experimentar apenas aquilo que tem uma boa fama. Se alguém diz que odiou algum livro, por exemplo, a maior parte de nós nem sente vontade de ler porque não quer desperdiçar o seu precioso tempo. Mas e se…? E se nós gostarmos de algo que outra pessoa tenha odiado? Ou, o inverso: e se nós odiarmos algo que alguém tenha gostado? É por isso que é importante tirarmos conclusões a partir de nossas próprias experiências e vivências, em vez de pensarmos e agirmos apenas conforme a opinião alheia. Afinal, nós também temos o direito de conhecer e de pensar diferente! E o tempo é algo que nos faz crescer, desde que compreendamos que coisas boas e ruins fazem parte do nosso aprendizado, e de que nada se perde nesse processo.
E aqui deixo uma música que encontrei no youtube, que foi criada com base no livro. É apenas uma interpretação da criadora do vídeo, mas eu acredito que ela mostra perfeitamente um pouco do que Holden sentia com relação a si e ao mundo (pelo menos de acordo com minha própria interpretação).